sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Síndrome de Asperger atinge quem evita conversar olhando o interlocutor

02/12/2010 - 15h47


Sintomas variados se camuflam e confundem diagnósticos

"Olhe nos Meus Olhos" é o relato de John Elder Robinson sobre a síndrome de Asperger, que atinge um grande número de pessoas, apesar de muitas nem saberem que sofrem do mal.

Considerada como um certo tipo de autismo (e por conta desta definição, muitas discussões foram geradas), só foi reconhecida oficialmente pelo DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) na edição de 1994, o que comprova como muitas crianças foram erroneamente orientadas ou sequer ouvidas, ao apresentarem os sintomas.




Entre as principais características do Asperger, ou dos "aspies", como se nomeiam, o denominador comum entre elas é a dificuldade da pessoa em interagir com o mundo social. Isso quer dizer que os sintomas, em suas diferentes manifestações, provocam a exclusão emocional, a dificuldade de interpretar conversas e a não compreensão de gírias, ironias e sentimentos do outro. E aqui não é questão de exagero, pois o desenho de uma cara alegre ou brava para eles diz a mesma coisa: nada.

Por conta disso, a síndrome muitas vezes pode ser interpretada de outra forma. Ao não entender uma ironia, por exemplo, a pessoa pode ser chamada de ingênua, enquanto a dificuldade de lidar com as abstrações dos sentimentos pode gerar rótulos de "fria" e insensível. Por outro lado, os aspies também demoram a compreender a ideia do social, principalmente por outra característica típica, que é o interesse restrito a determinada coisa, sejam livros, números, tecnologia ou futebol. Logo, para eles falar somente destes assuntos particulares é "natural".

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Um dos motivos que levou Robinson a escrever a obra foi exatamente esta falta de conhecimento -- popular e especializado -- a respeito do tema. O próprio autor conviveu com a síndrome de Asperger durante a infância, tempos em que ela não havia sido "descoberta".

O relato de Robinson mistura passagens cômicas em meio a memórias das crises que o acometeram por muito tempo. A "conversa" com o leitor torna o tema de simples compreensão, e a partir dos relatos de histórias fica fácil identificar comportamentos e como eles alteram o hábito das crianças em relação ao mundo em que vivem.

O título, "Olhe nos Meus Olhos", diz respeito a um dos sintomas mais comuns. Geralmente, pessoas com síndrome de Asperger não conseguem conversar "olhando" para quem está dirigindo a palavra. Além disso, quando mantêm contato visual, possuem dificuldades em "ler" o que as expressões faciais querem dizer.

Ainda hoje, muitos diagnósticos geram confusão, por conta da manifestação dos sintomas em cada indivíduo. Obviamente, os que estão em busca de uma resposta devem procurar diferentes profissionais até sentir segurança no que for apresentado, mas a leitura e a troca de recordações que Robinson convida, pode ser um primeiro grande passo para a compreensão e conforto. Pois, como relata em seu blog pessoal, depois de diagnosticado, ele passou a entender e ser entendido, trabalha e é muito feliz.

No universo do audiovisual, a animação "Mary & Max" fala sobre a amizade de duas pessoas muito diferentes da sociedade, e que trocam cartas ao longo de 20 anos. O personagem Max é portador de Asperger, e relata para a companheira as dificuldades que enfrenta por conta dos diferentes sintomas da síndrome.

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"Olhe nos Meus Olhos"
Autor: John Elder Robison
Editora: Larousse
Páginas: 250
Quanto: R$ 38,17 (preço promocional, por tempo limitado)
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

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