sábado, 26 de outubro de 2013

Faça o que eu digo, mas...


Há pessoas que questionam o porquê de tantos filhos de casais ‘certinhos’ desenvolverem padrões de conduta, especialmente na área da sexualidade, tão disfuncionais. Na verdade não são poucos os casos em que observamos jovens, provenientes de famílias ‘aparentemente saudáveis’ viverem vidas sexualmente promíscuas, contraírem DSTs ou mesmo terem confusão sobre sua identidade sexual.

Conversando com muitos jovens e muitos pais eu descubro que nestas ‘famílias certinhas’ a sexualidade é vivenciada de forma bastante dissociada, ou seja, embora afirmem algo, acabam praticando o contrário.


A sexualidade, conforme entendida na tradição hebraico-cristã, é resultado da livre e soberana criação de Deus e serve ao propósito último de gerar uma intimidade/unidade entre o casal, cumprindo a meta final de um companheirismo (Genesis 2: xx). Todavia a sociedade, em uma de suas muitas distorções pós queda (afastamento de Deus), reduz TODA a dimensão da intimidade ao intercurso sexual e, ainda mais, estabelece como meta final do exercício da sexualidade o prazer fisiológico (orgasmo).

Assim, muitos casais que professam a fé cristã, vivenciam a sexualidade neste padrão da sociedade que os cerca e ‘esquecem’ das outras dimensões da mesma. A sexualidade é vivenciada de forma dissociada da ternura, do carinho, da valorização do outro, do afeto e até mesmo do compromisso.

Não são poucos os casais que, embora não tenham brigas e conflitos, também não tem gestos de carinho como um abraço, um beijo no cônjuge; não tecem palavras de elogio reafirmando o valor do outro enquanto pessoa humana; não tem um tempo de qualidade de diálogo com o cônjuge para ouvir mesmo suas ‘bobagens’. Entretanto à noite quando vão para o quarto, tem um intercurso sexual, acreditando que esse ato em si é a ÚNICA forma de expressarem seu afeto pelo outro.

Todavia os filhos que observam esta conduta dos pais – embora os pais nem se deem conta que estão sendo observados – concluem que a relação sexual nada tem a ver com atitudes de carinho, abraços, beijos, elogios, conversas… Facilmente são levados à conclusão que sexo é somente para sentir uma modificação visceral prazerosa e o outro é apenas um ‘acessório’ complementar para se atingir essa sensação – equivalente a qualquer assessório que pode ser adquirido em um sex shop.

Acabam reproduzindo essa dissociação de forma potencializada com o favorecimento e incentivo do contexto social. Desenvolvem relacionamentos de USO do outro (como a versão moderna do ficar), sem sequer estarem interessados REALMENTE no outro como pessoa. O interesse é somente na busca de sensações fisiológicas, denotando extremo egocentrismo e uma coisificação do outro ser humano – que não é reconhecido como alguém portador da imagem de Deus!

Como as sensações fisiológicas são insaciáveis e ‘viciantes’, facilmente a busca pelas mesmas torna-se compulsiva e abrem caminho para fantasias de ‘perversão’ (experimentar tais sensações através de condutas extremamente disfuncionais – como pedofilia, por exemplo).


Urge se romper este ciclo de dissociação, iniciando pelos pais, que devem procurar expressar diante dos filhos uma sexualidade integral, na qual o filho reconheça que o intercurso sexual que os pais vivenciam a portas fechadas é tão somente uma expressão das muitas expressões da TERNURA que existe no relacionamento entre eles, tais como os abraços, beijos, elogios, etc., que se vivenciam a todos os momentos do convívio familiar. Fazendo isso os pais estarão contribuindo para a construção de uma identidade sexual sólida dos filhos, que verão no outro não um OBJETO de sua busca sensorial, mas um SUJEITO pelo qual pode se encantar e desfrutar um relacionamento de compromisso para a vida!

blog Casamento e Família - Ultimato

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