Por Hermes C. Fernandes
Agora sim, finalmente vamos reverter o placar. Se não vencermos, pelo menos ficaremos no empate. Se os homossexuais têm a sua PL-122, os heterosseuxais acabam de ganhar um projeto lei novinho em folha.
Trata-se da PL-7382/2010 proposto pelo deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que penaliza a discriminação a heterossexual em até três anos de prisão.
É deputado... não contávamos com sua astúcia! O tal projeto visa contrapor-se a PLC-122/06, apelidada por alguns evangélicos de ditadura gay, que prevê punição equivalente em casos de homofobia. Segundo o nobre deputado, “o Poder Executivo, dentro de sua esfera de competência, penalizará os estabelecimentos comerciais e industriais e demais entidades que, por atos de seus proprietários ou prepostos, discriminem pessoas em função de sua heterossexualidade”, diz no texto do projeto.
Cunha também diz que será punido aquele que “impedir ou restringir a expressão de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público”. Até que enfim, casais de namorados poderão se beijar em público. Já não aguentava mais tanta retaliação. Em que século este deputado vive?
Gostaria de abrir espaço em meu blog para que depoimentos de pessoas que foram discriminadas por serem heterossexuais. Imagine alguém ser mandado embora do emprego por não ser gay! Conhece algum caso? Eu não. Pelo jeito o deputado tomou o caminho inverso proposto por Jesus, de que se alguém nos ferisse a face, deveríamos oferecer-lhe a outra. Em vez disso, impera o "toma lá, da cá", isto é, se eles podem, nós também. Se eles exigem este direito, também vamos exigir os nossos. Quanta bobabem!
A propósito, qual foi mesmo a postura de Eduardo Cunha na votação que beneficiaria a classe trabalhadora brasileira, com um aumento maior no salário mínimo? Ele votou contra.
E não só isso... o nobre deputado, cujo slogan de campanha é "o nosso povo merece respeito", é pivô de um escândalo envolvendo a estatal FURNAS, num golpe de R$ 73 milhões. Fica a pergunta: até que ponto a tal PL proposta por Cunha não seria mais uma cortina de fumaça? Parece melhor para sua imagem estar envolvido numa controvérsia entre gays e heteros, do que ter seu nome ligado a um escândalo de corrupção.
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