quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A procura da verdade no processo terapêutico / Porque as pessoas mentem

De Marisa Lobo – Livro Por que as Pessoas Mentem

Nosso maior interesse é o tratamento integral do indivíduo, ou seja, física, emocional, psicológica e espiritualmente. Nossa bandeira é a da busca pela verdade em ambos os sentidos, psicológico e espiritual. A verdade liberta em todos os sentidos, a verdade de Cristo nos liberta. Assim, nossa tentativa neste livro é oferecer recursos e indagações sobre o modo como age o ser humano e a complexidade de seus sentimentos, pensamentos e ações, para buscar conhecimento sobre as armadilhas que seus próprios afetos lhe causam.


Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerem na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres? Replicou-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. O escravo não fica para sempre na casa; o filho, sim, para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres – João 8.31-36.

Neste texto, Jesus estava falando da liberdade espiritual pela aceitação da verdade em Cristo, do verdadeiro Deus. No entanto, se fizermos uma analogia com o lado psicológico do ser humano, podemos dizer que o ser humano é escravo de sua mentira criada internamente. Porém, o processo terapêutico, se bem conduzido, levará esse indivíduo a libertar-se de suas mentiras pelo reconhecimento das verdades interiores, ou seja, da verdade que está escondida em seus mais íntimos sentimentos.
Os “por quês” de seus atos antissociais estão, como já falamos, ligados aos seus mais íntimos e secretos desejos, os quais só Deus tem acesso. Às vezes, a própria pessoa desconhece essas razões que lhe são íntimas, não consegue enxergá-las. Elas estão escondidas, bem como os reais e verdadeiros motivos porque ela mente e, assim, sofre por não reconhecê-las. Essas mentiras se fundem com a verdade que sua mente assimila a tal ponto, que a única maneira de se livrar e se libertar disso é reconhecendo a verdade. É na busca da verdade que o paciente entra em processo terapêutico.
Jesus apresentou este diagnóstico há milhares de anos. É no reconhecimento e na busca da verdade que acontece a libertação do indivíduo, no caso espiritual, a libertação.

Toda ciência busca a verdade. A psicanálise é única por acreditar que a busca da verdade é, em si, um processo terapêutico (Melanie Klein, psicanalista).

Qual é o verdadeiro sentido da verdade no processo terapêutico? Quando falamos em verdade, o que realmente queremos dizer?
Historicamente, na psicanálise, com Freud, foi descoberto que a maioria das pacientes histéricas falsificava suas verdades por meio da linguagem simbólica dos sintomas conversivos e dos dissociativos. E no final de sua obra ele diz que:

A relação entre analista e paciente se baseia no amor à verdade – isto é, no reconhecimento da realidade – e isso exclui qualquer tipo de impostura ou engano.

A preocupação maior dos psicológicos com a mentira é que a pessoa em questão incorpora a mentira em sua personalidade e passa a acreditar na sua versão de verdade. A repetição da mentira a tornaria uma verdade. E isso também acontece na área clínica; vários autores destacam as falsificações mentirosas como parte de operação de repressão e busca para escapar das emoções difíceis em vez de enfrentá-las. Consequentemente, isso afeta a função ou ato do pensamento.
Devemos entender que isso ocorre no plano inconsciente, por isso configura uma falsificação da verdade, diferente do conceito de mentira, porque na mentira predomina uma deliberação consciente ou pré-consciente. Porém, o paciente quando chega ao consultório com diversos problemas emocionais, usa e abusa dos mecanismos de defesa que têm acesso para se proteger. Muitas das mentiras que podem estar contando, por exemplo, podem ser vistas por ele como verdade, e quando essa mentira é desmascarada no processo terapêutico, em consulta ou aconselhamento, gera ainda mais conflitos, caso o terapeuta ou conselheiro não saiba como proceder, já que a falsificação da verdade foi incorporada ao universo do paciente.
Quando se encontra a verdade, a razão da vida que está em Cristo, não cabe qualquer especulação e mentiras, dissimulação ou falseamento da verdade. Quando isso acontece, nos sentimos inseguros, pois a possibilidade de não haver mais argumentos, de não poder voltar atrás pode gerar conflitos graves. Continuamos perseguindo nossa fé, porém, podemos estar feridos e continuar neste sofrimento, se não tivermos a oportunidade de externá-lo e tratá-los. Muitas pessoas que seguem a fé em Cristo, e mesmo assim têm dentro de si uma tristeza não revelada, apresentam quadros físicos doentios, gerados muitas vezes pelas mentiras contadas por aqueles que deveriam dizer e ensinar a verdade.


Fonte: http://www.psicologiacrista.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário