quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Até que o computador nos separe



Autor(a): Nelson Domingues

Quem poderia imaginar que um dia  estaríamos pensando sobre o computador como  fonte de crise  e discórdia dentro do casamento? Parece estranho, mas é verdade! Você sabia que no ano de 2009 nós,   internautas brasileiros,  passamos cerca de 23 horas e 47 minutos por mês, utilizando a internet? Para entendermos este fenômeno que tem afetado nossas relações  familiares,  precisamos considerar  contextos históricos importantes.

Observando a cultura judaico-cristã, detectamos que o  o núcleo familiar foi preservado ao longo do tempo como fonte de entretenimento, e  algumas questões implícitas neste modelo são pertinentes.  Reunir a família como forma de perpetuação da tradição oral,   ou contar as histórias do povo hebreu, por exemplo, permitiu um comprometimento relevante com o núcleo familiar, percebido até os dias de hoje   . É difícil   conceber em nosso pós-moderno modo de enxergar a vida que, não existia televisão, rádio, internet e muito menos enegia elétrica,  ao contrário disso,  eram utilizadas  candeias, e ao redor desta "precária" iluminação é que tudo acontecia, impossibilitando que os membros da família ficassem longe uns dos outros.
Entretando, mesmo muito bem servidos  de todo aporte tecnológico, e até mesmo autores de grande parte de modernas tecnologias digitais. Israel hoje é um dos maiores exportadores de tecnologia em jogos de raciocínio, por ter preservado ao longo da história jogos em família.
Hoje Israel exporta, inclusive para  o cenário educacional  brasileiro,  este tipo de tecnologia,  metodologias que utilizam-se de jogos de tabuleiro e desafios,  entre outros, que estimulam e  estruturam  o pensamento lógico de seus alunos.
Feuerstein, teórico judeu que ampara estas metodologias como fonte estruturadora do raciocínio e Vygostsky, filósofo de relevância na área educacional,   concordam que o ato de brincar  é fundamental para a formação do indivíduo. Estes eventos, quando vistos sob uma perspectiva Cristã, ganham intensidade por terem sido grande fonte agregadora do núcleo familiar.
Mas as relações mudam, e com a Revolução Industrial  no século XXIII, o surgimento da energia elétrica e a sua utilização para a  economia, contribuiu para mudanças significativas nos relacionamentos, pois a partir de então há o  aumento da jornada de trabalho,   surgindo também novas perspectivas de  consumo,  e tempo.
Podemos então entender que depois do advento da energia elétrica,  as relações humanas, e e principalmente as familiares  mudam muito; o tempo e as oportunidades regem as relações familiares. Estavamos prestes a uma grande mudança; surge na década de 30 o aparelho televisor, a TV nossa de cada dia, consolidando-se massivamente  por volta dos anos 50.
Quanto a TV ganha massificação, as relações familiares novamente passam por uma transformação. É ao redor da TV, e não mais da candeia,  que as pessoas diariamente se sentam,  e juntas passam a assistir programas;  estão próximos,  mas  a interação começa a desaparecer.
As próprias crianças com o tempo passam a mudar sua maneira de agir, já que começam a assistir programas infantis, e passam a deixar de brincar,  sozinhas ou  coletivamente, para assistir TV. A televisão passa a ser  a maior fonte de entretenimento das pessoas. Historicamente,  passamos de 7 ou 8 canais de TV para ter acesso a, no mínimo, mais  de 50 canais através de planos básicos de TV a cabo.
Porém o mundo continua mudando e sua relações também. Marshall  McLuhan  filósofo dos anos 60,  dizia  que o mundo seria reduzido a uma aldeia global,  e que as pessoas passariam a relacionar-se de maneira diferente. Em uma de suas publicações "Os meios de comunicação de massa como extensões do homem" (1964),  Lunhan enfatiza que o meio é a mensagem, ou seja,  o papel do canal e do código em termos do impacto da comunicação no mundo, consolidando assim o conceito da  aldeia global como novo ambiente de uma nova esfera de relações.
Os cidadãos desta aldeia global seriam dotados de um aporte tecnológico significativo, bem como  uma visão pluriculturalista; deveriam ser estes indivíduos versáteis linguisticamente,  entre outras características - este foi o prenúncio da globalização.
Hoje, desfrutando de uma sociedade globalizada imersos na aldeia global de McLuhan,  discernimos dois perfis de indivíduos quanto a  capacidade de interação tecnológica; são eles, os nativos digitais, ou seja, indivíduo com menos de 20 anos que cresceram imersos em meio a uma cultura tecnológica enfevescente, e nós outros,   cidadãos que estão no estágio imigratório à todo este universo digital.
Os benefícios da rede são notórios - Richard E. Mayer, ícone dos estudos  de aprendizado multimídia, descreve em  seus trabalhos a relevante economia constatada pelas empresas com o adventos das salas virtuais e o ganho instrucional causado pelo meio digital. Com isto, o ambiente corporativo não mais necessariamente é o local para instruções profissionais, e sim é   sutilmente convidado a invadir os lares, o tempo de lazer e o tempo em família. Que fique claro - não  sou contra a tecnologia, e desfruto de suas benéfices,  mas tenho estudado e observado a falta de maturidade  com que  lidamos com essa ferramenta.
Há ainda o perigo da pornografia que está ali no seu próprio quarto,  ou através da amizades que muitas vezes iniciam-se despretenciosamente, mas acabam por revelar a  intenção da perversidade sexual embutida,  e com isso as famílias passam por correr riscos Isso pode começar por uma "simples amizade" num site de relacionamento.  A pergunta que faça neste momento é -O que leva uma pessoa a buscar amizades na rede?  Pasmem, mas a pornografia  tem viciado mais do que o crack! Um estudo do Senado Americano  do  Comite de Ciência e Tecnologia, segundo  Mary Anne Layden, co-diretora do programa de  Psicopatologia e Traumas Sexuais da Universidade  da Pensilvânia,  diz que a pornografia é o maior perigo para a saúde psicológica das pessoas.
Segundo estudos feitos em  de 2002, nesta época existiam cerca de 400.000 sites pornográficos e cerca de 70 milhões de pessoas acessavam  pelo menos um site pornográfico por semana.  Estudos realizados pelo Professor Richard Drake da Universidade Brigham Young nos EUA, nos relatam que a pornografia pode causar danos com efeitos similares ao da cocaína, produzido dependência e disturbios mentais.
Estudos realizados nos EUA nos alertam que cerca de 40% dos cristãos são afetados pela pornografia, ou tem acesso a ela. A  revista americana Leadership fez uma pesquisa com pastores americanos,  e constatou que aqueles que gastavam mais tempo na internet eram provavelmente  os que acessariam  sites pornografico.

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