quarta-feira, 21 de agosto de 2013

DESABAFO







Letícia Thompson

“Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte” 2 Co 12.10

Poucas coisas são tão pesadas quanto às palavras e emoções que carregamos dentro de nós. São coisas que não podemos colocar no chão para descansar um pouco e pegar depois, com forças renovadas. Elas nos seguem e, por que não dizer, nos perseguem.

Às vezes nos sentimos pequeninos sim. Às vezes queremos não dizer nada, estar simplesmente nos braços de alguém e fechar os olhos e outras, gostaríamos de gritar nossa dor, nossa revolta e deixar que as lágrimas façam caminho no nosso rosto.

Mas nos calamos... porque reconhecer nossa fragilidade diante de outra pessoa é expor-se, entregar-se a ela, na nudez da alma. E por pudor, medo, vergonha ou orgulho não queremos isso. Portanto, a fragilidade não está em mostrar-se frágil. Só os fortes são capazes de reconhecer suas fraquezas para melhor lidar com elas. Ser forte é desenvolver a capacidade de lidar com as emoções, que corroem o ser como uma doença incurável.

Desabafar é abrir as portas do coração e as janelas da alma. Deixar sair o ar fechado e entrar o sol. É soltar palavras e acolher alívio; é partir para o grande voo da liberdade que todo mundo anseia. Mas, claro, é preciso sabedoria para se saber aonde vamos. Não podemos sair por aí proclamando a todo mundo que temos situações mal resolvidas dentro de nós. Temos que escolher cuidadosamente as pessoas que são capazes de nos receber com maturidade, sem julgamentos.

Há pessoas que nos fazem crescer. Os grandes amigos estão incluídos nessa categoria. A eles então nossas portas podem ser abertas e as palavras poderão fluir até que nos sintamos mais leves. E há ainda e, principalmente, Aquele que mesmo conhecendo nosso íntimo melhor ainda que nos aceita e pede que nosso coração se abra.

Deus nos pega nos braços, seca nossas lágrimas e nos carrega no colo. Ele nos leva até a praia e nos apresenta o raiar do dia e o pôr-do-sol... Ele nos diz que a natureza também dorme, acorda e chora às vezes. Mas que assim é a vida e que o importante mesmo é continuar de pé, buscando um mundo melhor.

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