Autor(a): Rev. Hernandes Dias Lopes
A
esperança é o oxigênio que nos mantém vivos. Quem não tem esperança vegeta, não
vive. Quem passa os anos de sua existência na masmorra do desespero,
acorrentado pelo medo e subjugado pelas algemas da ansiedade, conhece apenas
uma caricatura da vida. A vida verdadeira é timbrada pela esperança, uma
esperança tão robusta que espera até mesmo contra esperança. Foi assim com
Abraão, o pai da fé. Deus lhe prometeu um filho, em cuja descendência seriam
abençoadas todas as famílias da terra.
Abraão
já estava com o corpo amortecido. Sua mulher, além de estéril, já estava velha
demais para conceber. A promessa de Deus, porém, não havia se caducado. Contra
todas as possibilidades humanas, contra todos os prognósticos da terra, contra
todo o bom senso da razão humana, Abraão não duvidou por incredulidade, mas
pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus e esperou mesmo contra a esperança,
e o milagre aconteceu em sua vida. Isaque nasceu e com ele a esperança de uma
descendência numerosa e bendita.
A esperança que não se
desespera tem algumas características:
1.
Ela está fundamentada não em sentimentos
humanos, mas na promessa divina. Abraão não dependia de seus sentimentos,
mas confiava na promessa. Deus havia lhe prometido um filho e essa promessa não
havia sido revogada. Abraão já estava velho e seu corpo já estava amortecido,
mas esse velho patriarca não confiava no que estava em seu interior, mas
naquele que é superior. Não vivemos pelo que sentimos, vivemos agarrados na
promessa. Não devemos nos estribar em nossas emoções instáveis, mas na Palavra
estável e inabalável daquele que não pode mentir. As promessas de Deus não
podem falhar. Ele é fiel para cumprir sua Palavra. Devemos tirar os olhos de
nós mesmos e colocá-los em Deus. Dele vem a nossa esperança. Ele é a nossa
esperança. Nele podemos confiar.
2. Ela está fundamentada não em
circunstâncias, mas naquele que governa as circunstâncias. A fé ri das
impossibilidades, pois não é uma conjectura hipotética, mas uma certeza
experimental. A fé não lida com possibilidades, mas com convicção. O objeto da
fé não está no homem, mas em Deus. A fé não contempla as circunstâncias, mas
olha para aquele que está no controle das circunstâncias. Abraão sabia que Deus
poderia fortalecer seu corpo e ressuscitar a fertilidade no ventre de sua
mulher. Sabia que o filho da promessa não seria fruto apenas de um nascimento
natural, mas, sobretudo, de uma ação sobrenatural. A esperança que não se
desespera não olha ao redor, olha para cima; não vê as circunstâncias,
comtempla o próprio Deus que está no controle das circunstâncias.
3. Ela está fundamentada não nas ações
humanas, mas nas intervenções divinas. Abraão e Sara fraquejaram por um
tempo na espera do filho da promessa. O resultado dessa pressa foi o nascimento
de Ismael. A ação humana sem a condução divina resulta em sofrimento na terra,
mas não em derrota no céu. O plano do homem pode ser atabalhoado, mas o plano
de Deus não pode ser frustrado. Deus esperou Abraão chegar a seu limite máximo
antes de agir. Esperou que todas as possibilidades da terra cessassem antes de
realizar seu plano. Então, a promessa se cumpriu, o milagre aconteceu e Isaque
nasceu. O limite do homem não limita Deus. A impossibilidade do homem não
ameaça Deus, pois os impossíveis do homem são possíveis para Deus. Quando o
homem chega ao fim dos seus recursos, Deus ainda tem à sua disposição toda a
suprema grandeza do seu poder. Deus faz assim para que coloquemos nele toda a
nossa confiança, para que tenhamos nele
toda a nossa alegria e para que dediquemos a ele toda a glória devida
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