Autor(a): Tim e Sheila Riter
Mimi
abaixou-se para pegar, de novo, as meias sujas de Geraldo, jogadas no chão do
banheiro. As meias estavam a trinta centímetros do cesto de roupas sujas.
Quando ela o viu entrar no quarto, não pode se conter.
- Querido, já
pedi milhões de vezes para você. Será que você poderia fazer o favor de não
deixar as meias sujas jogadas no banheiro? Ajudaria muito se você as jogasse no
cesto de roupas sujas. Sei que você consegue fazer isso. Já o vi fazer
arremessos mais longos nos jogos de basquete da igreja!
- Querida,
desculpe-me. Acho que estava distraído. Sei que isso é importante para você e
não voltarei a fazer isso. Prometo!
Algumas
semanas depois, ela, quando ele saiu para o trabalho, despediu-se dele com um
beijo. Depois foi para a cozinha. O recipiente com artigos recicláveis estava
tão cheia que os itens quase caíam no chão da cozinha. Ela também sabia que
tinha mais coisas para jogar ali e, simplesmente, não haveria lugar para eles.
Assim ela, da
forma que poderia lidar com aquele peso, jogou os itens descartáveis no
contâiner maior. Por causa do peso, ela não conseguia segurá-lo direito, e
muitas coisas caíram na calçada. Frustrada, ela recolheu todas as embalagens
recicláveis da calçada e prosseguiu com seu dia.
Ao voltar
para casa, Geraldo encontrou o recipiente de recicláveis cheia, na porta da
frente. Ele entendeu aquela dica sutil, esvaziou o recipiente e entrou em casa.
- desculpe-me
querida, não percebei que o recipiente de recicláveis estava cheio. Tentarei
fazer melhor da próxima vez. A esposa respondeu: - Geraldo, essa é a segunda
vez que o recipiente foi esvaziado. Realmente preciso de alguma ajuda para esta
tarefa. E Geraldo concordou:
- Eu sei.
Minha mente estava totalmente absorta pelo trabalho e, realmente, não reparei
que o recipiente já estava cheio. Algum tempo depois, eles tiveram uma reunião
com o pequeno grupo, e a conversa foi sobre o programa de Emeril, no Food
Channel.
Geraldo não
resistiu e fez uma brincadeira:
- Pessoal,
ninguém cozinha como minha esposa. Na verdade, ela usa o alarme de fumaça como
relógio! Ainda bem que o alarme tem pilhas longa vida! No caminho de volta para
casa, Mimi disse:
- Geraldo,
quantas vezes já lhe pedi para não fazer brincadeiras sobre minha falta de
habilidade para a cozinha com o pequeno grupo? Faço o melhor que posso. Algumas
das mulheres do pequeno grupo são cozinheiras fantásticas, e você faz com que
eu me sinta como uma garotinha de escolha da aula de economia doméstica.
Sinto-me muito diminuída quando você faz isso.
E ele se
desculpou:
- Mimi, peço
perdão. As palavras saíram da minha boca e, quando percebi, já as havia dito.
Não pensei antes de falar. Não farei isso novamente. Estou falando sério. -
A mentira
Muitos
maridos descobrem que apenas dizer ¨desculpe-me, não farei de novo¨ parece
encobrir a grande quantidade de pecados. As palavras parecem ajuda-los a sair
de uma situação difícil graças a seus erros, e eles conseguem evitar as
questões reais. Na verdade, eles não sentem muito por seus erros, pois
continuam a agir da mesma forma. Eles, em particular, não querem parar o que
estão fazendo e errado, mas apenas querem parar de falar sobre o assunto.
Quem escuta a
mentira Mimi se sentia frustrada, pois Geraldo continuava a evitar conversar
sobre as questões que ela trazia á baila. Quando ele, com total falta de
sinceridade, dizia-lhe o que ela queria ouvir, a irritação dela aumentava. Ela
achava difícil se aprofundar nas questões quando ele concordava
superficialmente com ela. Depois de cada encontro para conversas, ela sentia
que eles haviam deixado de lado os aspectos essenciais dos assuntos em questão,
mas ela não sabia como chegar ao ponto em que eles precisavam chegar.
Como o mesmo
padrão de comportamento continuou, ela passou a vê-lo apenas como o senhor
¨desculpe-me não farei isso de novo¨ - igual ao menino na história que
anunciava a chegada do lobo. Ela já não acreditava mais nele. A frustração de
Mimi começou a virar raiva e ressentimento. Quando Geraldo evitava o conflito
de forma constante, ela se sentia excluída da vida dele. Nada ficava resolvido
nem era discutido. A raiva de Mimi se espalhou para outras áreas do
relacionamento, pois o marido, embora parecesse não ter consciência disso,
estava corroendo a confiança e transmitindo falta de interesse por sua esposa.
Certo dia,
ela, enquanto conversava com uma amiga, resumiu a questão: ¨Acho que ele quer
evitar o conflito. Ele acha que, se fizer o pedido de desculpas padrão, eu
ficarei quieta e acreditarei nele. Mas nada muda. Repetimos a mesma conversa
dia após dia. Sinto como se existisse um tumor em nosso casamento, ele quisesse
curá-lo ao pôr apenas um band-aid na ferida. Algum dia, ele terá que lidar com
essas questões.
(continua)
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