sábado, 6 de abril de 2013

O QUE SIGNIFICA SER FAMÍLIA



Em meio à crise moral e ética que estamos presenciando nesses tempos pós-modernos, com a discussão tola e indecente sobre a falácia criada em torno do tema da homofobia, visto que o que de fato existe, em meu limitado entendimento, é a intolerância contra a liberdade de opinião, a tentativa neofascista da implantação da ditatura da minoria imposta ao estado do direito livre e democrático, que permeia a nossa cultura brasileira, de formação cristã, com valores arraigados há séculos, herdados de gerações passadas. E, principalmente, o fato lamentável e triste, de que, em meio a esse tiroteio alimentado pela mídia profissional, movimento LGBT financiado pelo Partido dos Trabalhadores, que cumpre servir aos interesses obscuros de outros grupos ideológicos que planejam uma desconstrução maior do que se veem na ponta deste “iceberg”, pessoas ditas cristão-evangélicas, analfabetas teológicas, vêm sucumbindo e publicando abertamente em posts de discussão nas redes sociais, opiniões favoráveis ao “casamento” de homossexuais, legalização e normatização, como sendo legítimo e normal à prática de adoção de filhos por esses “casais”. Admitindo então um novo tipo de célula familiar moderna, que a sociedade atual terá que aceitar conviver, e entender que faz parte de um processo “evolutivo” de novos tempos, como uma nova tese de conceito de família. Penso então que se faz necessário uma definição teológica do que significa o conceito de família à luz do pensamento cristão.

Antes, vejamos que a própria Constituição Federal do Brasil, promulgada em 1988, nossa carta magna, onde as demais leis civis que regem as relações de direito do cidadão estão submetidas, define a unidade familiar a partir do conceito de casamento no Artigo 226, onde está explícito: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.

Os principais léxicos de conhecimento popular, como o Dicionário de Aurélio define família como “1. pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. 2. Pessoas unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança. 3. Ascendência, linhagem, estirpe (...)” (FERREIRA, 4ª Ed.2009, 871). O Dicionário Globo define como “Marido, mulher e filhos; pessoas do mesmo sangue; conjunto das pessoas que vivem na mesma casa; descendência; linhagem; estirpe; raça; (...)” (FERNANDES, Et al, 45ª ed. 1996, 283). E o Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, alinha-se aos demais: “grupo de pessoas do mesmo sangue, unidade sistemática constituída pela reunião de gêneros”. (CUNHA, 2ª edição, 1996, 349).

Contudo, para nós cristãos, não é o senso comum, nem as ciências humanas, ou o direito constitucional o principal fundamento que define nossa cosmovisão sobre o princípio que define o que é família. A Bíblia, a Palavra de Deus, odiada, desprezada, escarnecida pelos inimigos da Cruz de Cristo, pelos grupos de esquerda socialista, movimentos LGBT e outros afins, e, por nós cristãos amada, valorizada e crida como única regra de fé e prática infalível, é que norteia o que pensamos ser família. O que ela diz?

A Palavra de Deus revela que a família nasceu de um planejamento divino. “A família foi planejada. Deus a planejou; Deus a fez existir a partir de sua palavra. Ele fez isso de forma germinal”. (GRONINGEM, 33) Em Gênesis, no livro que nos é revelado os detalhes da Criação divina, temos o plano de Deus original para a família, sua multiplicação, seu funcionamento, sua estrutura e seu fim como objetivo.

Deus criou o homem à sua imagem. “Façamos o homem conforme a nossa imagem...”, isso significa, dotou ao homem com dons exclusivos para exercício de mandatos específicos (cf. Gn 1.26-27); e prescreveu o seu objetivo de vida. Que o homem deveria ser abençoado com a fecundidade, multiplicando-se em células familiares, criando sociedades onde exerceria domínio, o governo do mundo criado, e submeteria a criação a sua gerência para a promoção da glória de Deus. (cf. Gn 1.28).

Esse processo natural de multiplicação, constituição familiar, sociabilização e constituição das primeiras culturas humanas só seria possível por meio da unidade familiar, criada e prescrita por Deus de forma heterossexual e monogâmica. Homem e mulher, macho e femêa. “Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.”. Gn 2.15.18. A prescrição da unidade familiar é claramente explicita com o mandamento: “Por isso deixa, o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. (Gn 2.24). Jesus confirmou a validade dessa prescrição divina para a funcionalidade familiar em Mateus 19.4-5.

Notemos nesses versos bíblicos que a Palavra por si só define o que é o núcleo familiar natural: pai, mãe, filho, filha, marido, esposa, filho dos filhos, filha das filhas... Gerard Van Groningen defende a tese de uma primazia de liderança funcional:

“Nós repetimos: O macho, o homem, o marido, tem a responsabilidade básica e primária de iniciar a formação da unidade familiar e de manter o vínculo amor/vida que mantém a unidade intacta”. (GRONINGEM, 37).

Se admitirmos que seja possível mudar o núcleo familiar para homem/homem, ou mulher/mulher, estaríamos não só admitindo uma aberração teológica, mas uma contradição biológica visto que pares iguais (homo) não se multiplicam, e a raça humana estaria fadada ao desaparecimento. Até mesmo pessoas homossexuais assumidas deveriam compreender e aceitar de forma grata, que a família tradicional heterossexual é a razão biológica (no mínimo) da sua existência. E as pessoas que se intitulam cristãs e estão engolindo esse engodo de acharem normal o pacto matrimonial entre pares iguais (homo) deveriam voltar-se a leitura e reflexão dos fundamentos da fé cristã encontradas na Bíblia, ou renunciarem a essa fé que dizem professar, porque essa fé pode ser tudo, menos cristã.

Autor: Rev. Afonso Celso de Oliveira (Primeira Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte)


Bibliografia consultada:

GRONINGEN, Harriet; Van. A Familia da Aliança. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1997.

CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, E. Marques. Dicionário Brasileiro Globo. 45 a ed. São Paulo: Editora Globo, 1996.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 4ª Ed. Curitiba, PR: Editora Positivo, 2009.

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