Em meio à crise moral e ética que estamos presenciando
nesses tempos pós-modernos, com a discussão tola e indecente sobre a falácia
criada em torno do tema da homofobia, visto que o que de fato existe, em meu
limitado entendimento, é a intolerância contra a liberdade de opinião, a
tentativa neofascista da implantação da ditatura da minoria imposta ao estado
do direito livre e democrático, que permeia a nossa cultura brasileira, de
formação cristã, com valores arraigados há séculos, herdados de gerações
passadas. E, principalmente, o fato lamentável e triste, de que, em meio a esse
tiroteio alimentado pela mídia profissional, movimento LGBT financiado pelo
Partido dos Trabalhadores, que cumpre servir aos interesses obscuros de outros
grupos ideológicos que planejam uma desconstrução maior do que se veem na ponta
deste “iceberg”, pessoas ditas cristão-evangélicas, analfabetas teológicas, vêm
sucumbindo e publicando abertamente em posts de discussão nas redes sociais,
opiniões favoráveis ao “casamento” de homossexuais, legalização e normatização,
como sendo legítimo e normal à prática de adoção de filhos por esses “casais”.
Admitindo então um novo tipo de célula familiar moderna, que a sociedade atual
terá que aceitar conviver, e entender que faz parte de um processo “evolutivo”
de novos tempos, como uma nova tese de conceito de família. Penso então que se
faz necessário uma definição teológica do que significa o conceito de família à
luz do pensamento cristão.
Antes, vejamos que a própria Constituição Federal do Brasil,
promulgada em 1988, nossa carta magna, onde as demais leis civis que regem as
relações de direito do cidadão estão submetidas, define a unidade familiar a
partir do conceito de casamento no Artigo 226, onde está explícito: “A família,
base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 3º - Para efeito da
proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.
Os principais léxicos de conhecimento popular, como o
Dicionário de Aurélio define família como “1. pessoas aparentadas, que vivem,
em geral, na mesma casa, particularmente o pai, a mãe e os filhos. 2. Pessoas
unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança. 3. Ascendência,
linhagem, estirpe (...)” (FERREIRA, 4ª Ed.2009, 871). O Dicionário Globo define
como “Marido, mulher e filhos; pessoas do mesmo sangue; conjunto das pessoas
que vivem na mesma casa; descendência; linhagem; estirpe; raça; (...)”
(FERNANDES, Et al, 45ª ed. 1996, 283). E o Dicionário Etimológico Nova
Fronteira da Língua Portuguesa, alinha-se aos demais: “grupo de pessoas do
mesmo sangue, unidade sistemática constituída pela reunião de gêneros”. (CUNHA,
2ª edição, 1996, 349).
Contudo, para nós cristãos, não é o senso comum, nem as
ciências humanas, ou o direito constitucional o principal fundamento que define
nossa cosmovisão sobre o princípio que define o que é família. A Bíblia, a
Palavra de Deus, odiada, desprezada, escarnecida pelos inimigos da Cruz de
Cristo, pelos grupos de esquerda socialista, movimentos LGBT e outros afins, e,
por nós cristãos amada, valorizada e crida como única regra de fé e prática
infalível, é que norteia o que pensamos ser família. O que ela diz?
A Palavra de Deus revela que a família nasceu de um
planejamento divino. “A família foi planejada. Deus a planejou; Deus a fez
existir a partir de sua palavra. Ele fez isso de forma germinal”. (GRONINGEM,
33) Em Gênesis, no livro que nos é revelado os detalhes da Criação divina,
temos o plano de Deus original para a família, sua multiplicação, seu
funcionamento, sua estrutura e seu fim como objetivo.
Deus criou o homem à sua imagem. “Façamos o homem conforme a
nossa imagem...”, isso significa, dotou ao homem com dons exclusivos para
exercício de mandatos específicos (cf. Gn 1.26-27); e prescreveu o seu objetivo
de vida. Que o homem deveria ser abençoado com a fecundidade, multiplicando-se
em células familiares, criando sociedades onde exerceria domínio, o governo do
mundo criado, e submeteria a criação a sua gerência para a promoção da glória
de Deus. (cf. Gn 1.28).
Esse processo natural de multiplicação, constituição
familiar, sociabilização e constituição das primeiras culturas humanas só seria
possível por meio da unidade familiar, criada e prescrita por Deus de forma
heterossexual e monogâmica. Homem e mulher, macho e femêa. “Não é bom que o
homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.”. Gn 2.15.18.
A prescrição da unidade familiar é claramente explicita com o mandamento: “Por
isso deixa, o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne”. (Gn 2.24). Jesus confirmou a validade dessa prescrição divina para a
funcionalidade familiar em Mateus 19.4-5.
Notemos nesses versos bíblicos que a Palavra por si só
define o que é o núcleo familiar natural: pai, mãe, filho, filha, marido,
esposa, filho dos filhos, filha das filhas... Gerard Van Groningen defende a
tese de uma primazia de liderança funcional:
“Nós repetimos: O macho, o homem, o marido, tem a
responsabilidade básica e primária de iniciar a formação da unidade familiar e
de manter o vínculo amor/vida que mantém a unidade intacta”. (GRONINGEM, 37).
Se admitirmos que seja possível mudar o núcleo familiar para
homem/homem, ou mulher/mulher, estaríamos não só admitindo uma aberração
teológica, mas uma contradição biológica visto que pares iguais (homo) não se
multiplicam, e a raça humana estaria fadada ao desaparecimento. Até mesmo
pessoas homossexuais assumidas deveriam compreender e aceitar de forma grata,
que a família tradicional heterossexual é a razão biológica (no mínimo) da sua
existência. E as pessoas que se intitulam cristãs e estão engolindo esse engodo
de acharem normal o pacto matrimonial entre pares iguais (homo) deveriam
voltar-se a leitura e reflexão dos fundamentos da fé cristã encontradas na
Bíblia, ou renunciarem a essa fé que dizem professar, porque essa fé pode ser
tudo, menos cristã.
Autor: Rev. Afonso Celso de Oliveira (Primeira Igreja
Presbiteriana de Belo Horizonte)
Bibliografia consultada:
GRONINGEN, Harriet; Van. A Familia da Aliança. São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 1997.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova
Fronteira da Língua Portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, E.
Marques. Dicionário Brasileiro Globo. 45 a ed. São Paulo: Editora Globo, 1996.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa. 4ª Ed. Curitiba, PR: Editora Positivo, 2009.
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